GENTILEZA GERA GENTILEZA
Sua infância
Com mais nove irmãos, José Datrino teve uma infância de muito trabalho, onde
lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava
carroça vendendo lenha nas proximidades. Desde cedo aprendeu a amar, respeitar
e agradecer à natureza pela sua infinita bondade. O campo ensinou a José
Datrino a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, como
profeta Gentileza, se dizia “amansador dos burros homens da cidade que não
tinham esclarecimento”. Desde sua infância José Datrino era possuidor de
um comportamento atípico. Por volta dos doze anos de idade, passou a ter
premonições sobre sua missão na terra, onde acreditava que um dia, depois de
constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão. Este
comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o
filho sofresse de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros
espíritas.
No Rio de Janeiro
Aos vinte anos foi para o estado do Rio
de Janeiro, enquanto sua família mudava-se para Mirandópolis,
também cidade do interior de São Paulo. No Rio de Janeiro, casou com Emi Câmara
com quem teve cinco filhos. Começou sua vida de empresário com um pequeno
empreendimento na área de transportes, onde fazia fretes para o sustento da
família. Aos poucos, o negócio foi crescendo até se tornar uma transportadora
de cargas sediada no centro da cidade.
Surge o Profeta Gentileza
No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói,
quando tinha 44 anos, houve um grande incêndio no circo “Gran Circus Norte-Americano“, o que foi
considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio
morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do natal, seis dias após
o acontecimento, José acordou alucinado ouvindo “vozes astrais“,
segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se
dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um
de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre
as cinzas do circo
em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita
tristeza. Aquela foi sua morada por quatro longos anos. Lá, José Datrino
incutiu nas pessoas o real sentido das palavras “Agradecido” e “Gentileza”. Foi
um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia
com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José
Agradecido“, ou simplesmente “Profeta Gentileza”.
Após deixar o local que foi denominado “Paraíso Gentileza”, o profeta
Gentileza começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a
cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do
Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando
palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que
cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: – “Sou
maluco para te amar e louco para te salvar“.
Os murais
A partir de 1980,
escolheu 56 pilastras
do Viaduto do Caju que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de
aproximadamente 1,5km. Ele encheu as pilastras do viaduto com
inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao
mal-estar da civilização. Durante a Eco-92, o Profeta
Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os
representantes dos povos e incitava-os a viverem a Gentileza e a aplicarem
Gentileza em toda a Terra.
Citação: “Gentileza Gera Gentileza”.
Após sua morte
Em 29
de maio de 1996,
aos 79 anos, faleceu na cidade de seus familiares, onde se encontra enterrado,
no “Cemitério Saudades”.
Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores,
sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza. Com ajuda da
prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio
com Gentileza, que teve como objetivo restaurar os murais das pilastras.
Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999. Em maio de 2000, a restauração das
inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.
No final do ano 2000
foi publicado pela EdUFF (Editora da Universidade
Federal Fluminense) o livro Brasil: Tempo de Gentileza, do professor Leonardo Guelman. A obra introduz o leitor no
“universo” do profeta Gentileza através de sua trajetória, da estilização de
seus objetos, de sua caligrafia singular e de todos os 56 painéis criados por
ele, além de trazer fatos relacionados ao projeto Rio com Gentileza e descrever
as etapas do processo de restauração dos escritos. O livro é ricamente
ilustrado com inúmeras fotografias, principalmente do profeta e de seus
penduricalhos e painéis. Além de fotos do próprio profeta Gentileza trabalhando
junto a algumas pilastras, existem imagens dos escritos antes, durante e após o
processo de restauração.
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